A reputação dos canadenses de educação e gentileza é quase cômica, na verdade existem piadas e memes na Internet sobre esse fato. Tirando o lado engraçado, essa mania de ser gentil traz um conforto que nós só percebemos ao sair do Canadá. Esse é o pano de fundo para essa curta história que vivemos nesse verão.
Nós passamos duas semanas em família viajando pelos Estados Unidos, rodamos mais de quatro mil quilômetros por estradas canadenses e americanas passando pelas províncias de Quebec e Ontário e pelos estados de Michigan, Indiana, Illinois e Wisconsin. E por vários quilômetros percebemos as diferenças de comportamento entre os motoristas do Canadá e Estados Unidos.
Para ser honesto o impacto não é tão grande pois motoristas bons e ruins existem nos dois países, mas após milhares de quilômetros começamos a perceber um padrão. A diferença mais gritante na etiqueta de trânsito entre esses dois países está no respeito e atenção aos outros veículos. Nos EUA é mais comum ver carros correndo na faixa da direita ou molengando na faixa da esquerda, não que isso não aconteça em Ontário ou Quebec, mas é muito mais comum nos estados que visitamos nos EUA. Isso também se reflete na hora de ceder espaço para outros carros. É aí que começa essa história.
Estávamos voltando de Wisconsin, onde participamos de um Camporee e passamos 5 dias acampando com outras 50 mil pessoas. Depois de duas semanas cansados de viajar de carro e dormir em barraca e hotéis de categoria econômica, já estávamos com saudades de casa. Em nosso caminho de volta atravessamos a fronteira de Michigan para Ontário na cidade de Sarnia, ON onde existe uma ponte que une os dois países e essa ponte é pedagiada. Escolhemos nossa fila no pedágio e aguardávamos a nossa vez, quando percebi que a fila ao nosso lado estava parada. Um caminhão estava provavelmente enfrentando alguma dificuldade para pagar a tarifa e os carros atrás começaram a tentar mudar de fila.
Um dos carros ao nosso lado, com placa de Ontário, deu seta e começou a tentar entrar na nossa frente. Lembro que eu a Adriana comentamos em tom de brincadeira: “olha só o carro querendo furar na nossa frente, mas vamos ser canadenses e deixa ele passar”. E foi o que fizemos, deixei bastante espaço permitindo que ele entrasse a minha frente, pois já tinha percebido que a fila dele estava parada.
Logo chegou a nossa vez de pagar o pedágio e moça comentou: “pode ir, não precisa pagar”. A princípio fiz cara que não entendi e ela explicou: “o carro da frente pagou o seu pedágio”. Dei um sorriso e avancei, não era uma valor muito alto, mas foi uma maneira bem calorosa de dizer: “Bem-vindo ao Canadá”. É bom estar de volta em casa.
Muito legal mesmo. Impressionante se esta gentileza existisse em mais partes do mundo. Mas a questão dos EUA ser “menos educado”, não seria porque lá tem muito mais gente de fora (latinos, indianos, etc). Daí o “costume” de trazer a “falta de educação” dos paises de origem? Só uma suposição.
Fred, tem muito latino, indiano e etc no Canadá. Acho que a diferença está no nível de escolaridade. Ha muitas pessoas extremamemte “simples” nos EUA principalmente nas pequenas cidades.