Quando você está visitando outro país, você deve entender e respeitar a cultura local. Com isso em mente, sempre nos preocupamos em nos adaptar a maneira de fazer as coisas no Canadá, desde do primeiro dia que chegamos aqui.
Não é fácil para um brasileiro virar um canadense da noite para o dia. Ser pontual e falar baixo em lugares públicos são exemplos de hábitos complicados de mudar. Mas a cordialidade e educação canadense, que já virou até piada internacional, é um traços que sempre cultivamos mesmo ainda no Brasil. Bom dia, por favor, obrigado e me desculpe são parte essencial nas regras da boa vizinhança.
Mas voltando aos jogos olímpicos, atletas e jornalistas de todo o mundo estão impressionados pela torcida brasileira. Torcida que canta, que vibra, que faz barulho e que vaia, muito. Chegando ao ponto atrapalhar em alguns momentos.
Alguns correspondentes internacionais tentaram explicar aos seus leitores como a vaia é comum e faz parte da cultura esportiva do Brasil. Mas como um brasileiro vivendo na terra do “I am sorry“, acho que consigo entender um pouco dos dois lados e a análise abaixo pode ser interessante, principalmente se você quer morar no Canadá – ou outro país semelhante.
É preciso entender a cultura brasileira
Se eu tive que me adaptar a cultura canadense ao me mudar para Montreal, o atleta, jornalista ou mesmo o turista visitando o Brasil deve entender que existe uma cultura local e que os brasileiros não vão deixar de ser brasileiros por causa das olimpíadas.
Os estrangeiros, principalmente os atletas, deveriam ter sido avisados que a torcida brasileira usa as vaias para dizer: “estou torcendo contra você” ou “não estou gostando do jogo”. É uma maneira do torcedor entrar virtualmente em campo e participar da competição. Mas os gringos entendem: “eu odeio você”. É sério isso!
Então gringos, estudem melhor a cultura do país sede, entenda que o brasileiro age como se todos os esportes fossem futebol e principalmente: não ligue para as vaias, elas não querem dizer nada.
Lista de artigos gringos (em inglês) tentando explicar a cultura brasileira da vaia:
Rio Olympics 2016: Six types of Olympic booing
(Olimpíadas Rio 2016: seis tipos de vaias olímpicas)
É preciso respeitar a etiqueta do esporte
Por outro, meus conterrâneos perderam o respeito pela etiqueta ou a desconhecem por completo. Em alguns esportes, o barulho atrapalha muito e o silêncio é necessário para o bom andamento da competição. Tênis e tênis de mesa, as largadas da natação e atletismo, salto, esportes de tiro e ginástica, entre outros eventos, necessitam de concentração e silêncio da parte dos torcedores.
Isso está faltando para o brasileiro, entender que há momentos que é preciso fazer silêncio. Senti um pouco de vergonha ao ver o juiz das partidas de tênis pedindo silêncio repetidas vezes. Quando finalmente a torcida estava em silêncio, um idiota gritava alguma coisa.
Vergonha maior foi a largada da natação que foi abortada porque um sujeito não parava de falar, quem seria? Nosso amigo Galvão! Se você viu pela Globo não deve ter percebido que no silêncio do estádio só dava a voz do narrador brasileiro. Tanto que o áudio vazou na BBC, e o narrador britânico ainda reclamou: “esse comentarista do meu lado precisa calar a boca, todos estão quietos para a largada, os juízes fizeram bem de abortar a largada”. Confira o mico no link abaixo.
Narrador da BBC reclama de Galvão em prova da natação: “Precisa calar a boca”
Acho que o brasileiro deve manter seu jeito alegre e emotivo, mas também deve entender que, por mais que sejamos um povo caloroso e festivo, isso não serve de desculpa para desprezar a educação e cortesia. Se quisermos ser respeitados como povo, precisamos respeitar também os outros povos.
Tirando as vaias e a piscina verde a olimpíada está linda, ao menos vendo de longe pela TV.