5 coisas assustadoras ao visitar o Brasil após 7 anos no Canadá

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Reporter canadense experimenta o trânsito de São Paulo

Num post anterior, eu falei sobre a minhas impressões ao passar as férias no Brasil depois de 7 anos morando no Canadá. Nesse post eu listo o top 5 das coisas mais assustadoras que me deparei ao chegar lá. Curioso para saber qual é a coisa mais horrenda que vi no Brasil? Leia abaixo:

5. O trânsito

Tem algo mais assustador do que encarar um ônibus vindo na sua direção numa estrada de pista simples?

Desembarquei em São Paulo psicologicamente preparado para um trânsito caótico e agressivo e fui positivamente surpreendido por motoristas dirigindo de maneira mais consciente e educada do que eu pensava. Eu diria que presenciei mais pessoas afobadas e agressivas no trânsito de Curitiba que em São Paulo. Com exceção dos motoboys.

A loucura dos motoboys no trânsito já ficou conhecida no Canadá por conta do excelente programa “Don’t drive here!”, você pode ver dois trechinhos do programa nos links abaixo. Se você conseguir achar o programa completo, verá um canadense, o âncora do programa, sendo motoboy por um dia.

Don’t Drive Here Season 2: Sao Paolo Through the Eyes of an Expat

Don’t Drive Here Season 2: Sao Paolo and the Traffic Reporter

O susto mesmo está quando você pega a estrada no Brasil. Por duas ocasiões eu presenciei coisas impensáveis, ambas relacionadas com obras na pista. Em primeiro lugar é preciso entender que no Canadá e nos Estados Unidos, obras na pista são extremamente bem sinalizadas, as placas laranjas indicando obras são colocadas a quilômetros de distância e qualquer multa nessa área marcada com sinalização laranja é cobrada em dobro!

Já nas estradas de São Paulo, eu quase atropelei um trabalhador que estava tapando buracos com piche no meio da pista, sem nenhuma sinalização prévia. Na outra ocasião a pista estava fechada para obras e veículos nas duas direções compartilhavam a mesma pista. Para sinalizar de quem era a vez, um funcionário acenando com a mão, no escuro, praticamente invisível. Quase demos de cara com um ônibus!

É preciso respeitar a vida, a violência no trânsito não é culpa apenas dos motoristas. Clique para ver as normas de segurança para sinalizadores no Quebec.

4. A diferença entre pobres e ricos

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Favelas ao lado de área nobre. ©google streetview

Outra coisa assustadora é a distribuição de renda. Favelas ao lado de prédios de alta classe, uma quantidade enorme de mendigos no centro da cidade e pessoas que vivem à margem da economia: guardadores de carro, catadores de latinhas, vendedores ambulantes, etc.

Em Montreal também temos mendigos e também temos pessoas pobres. Mas os pobres canadenses são menos pobres que os do Brasil e me parece que os ricos canadenses também são menos ricos que os seus pares no Brasil.

Eu não sou cientista político, ou economista, ou aquele sabe-tudo do Facebook, mas alguma coisa tem que ser feita para diminuir tanta diferença social. Algo me diz que a solução passa pela educação.

3. A lentidão extrema nos serviços

Isso é uma coisa que me intriga: por que o serviço ao público no Brasil é tão demorado? Como explicar que eu gastei um dia inteiro para resolver uma questão no banco? Como uma fila de 5 pessoas no caixa do supermercado pode demorar mais de meia hora?

Eu prestei atenção no trabalho de um caixa de supermercado no Brasil para entender a diferença de performance e notei algumas coisas:

  • Muitas vezes o scanner falha ao ler o código de barras e o código precisa ser relido ou até mesmo digitado manualmente. Isso quase nunca acontece no Canadá;
  • Existe uma hiato, um vazio, um vácuo, de alguns segundos entre passar um produto ou outro, entre perguntar se o cliente quer CPF na nota e finalizar o pagamento. A soma desses segundos deixa o atendimento total muito mais lento;
  • Nos pagamentos em dinheiro o caixa sempre pede para facilitar o troco ou se perde calculando o troco. Aqui no Canadá o troco é sempre dado em moedas e calculado rapidamente;
  • O tempo de resposta da  máquina que faz a transação com o cartão é muito mais longo do que no Canadá. Provavelmente isso se deve a uma diferença na infraestrutura de telecomunicações;
  • As embalagens brasileiras são menores, o que força o cliente pegar mais de um item e o obriga o caixa a passar mais produtos ou digitar a quantidade. Claro que entre escanear um produto, contar o número de itens e digitar no sistema, tem  aquele segundinho de vácuo…

2. O medo da violência

Tem algo no Brasil que me assusta ainda mais que a violência, é o medo da violência. Várias pessoas me davam dicas como: não pare o carro aí porque vão roubar ou estacione na frente do porteiro. Casas com grades parecendo prisões, cacos de vidro no alto dos muros e cabines de pedágio com vidro blindado e uma gavetinha para você pagar e receber o recibo (na Imigrantes em Diadema).

Já vi relatos de brasileiros que moram no aqui no Canadá, que sofreram com a violência ao visitar o Brasil. Graças a Deus eu não vi nada, nenhum assalto, nenhuma polícia perseguindo bandido, ninguém apontado armas para ninguém, nenhum grito de pega ladrão – fora aqueles das manifestações políticas.

Mas o que assusta é como a população que mora nas cidades grandes vive com medo. É muito bom poder parar no sinal vermelho com os vidros abertos, sem medo de ser assaltado. Mesmo que no inverno seja melhor manter os vidros fechados, é bom saber que se eu quiser abrir, eu posso.

1. A tomada

Tomada brasileira

O top 1, das coisas mais assustadoras, bizarras e horrendas que eu encontrei no Brasil: a nova tomada brasileira. Ela é horrível, não é compatível com nada, as extensões são trambolhudas, adaptadores são enormes e o pior: praticamente só é usada no Brasil. O padrão original foi definido na Europa mas nunca implementado por lá, apenas a África do Sul aprovou o uso dessa norma. A Suíça adotou um padrão similar, mas com uma modificação na posição do pino terra, se tornando ainda pior que no Brasil.

O problema maior é que o Brasil obrigou a troca por força de lei e portanto, aparelhos produzidos em praticamente qualquer lugar do mundo não vão funcionar na terra do samba sem um adaptador.

Pessoas tem medo de várias coisas, tem gente que tem medo de palhaços, eu tenho medo da tomada brasileira. Mesmo que digam que ela é mais segura contra choques elétricos, ainda acho que ela foi introduzida por alienígenas que querem conquistar nosso planeta. Ou quase isso.

 

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