É possível medir os valores de uma sociedade pelos comerciais de TV? Talvez sim, os publicitários fazem propagandas com o intuito de vender o produto, então a linguagem da propaganda deve se encaixar com os valores dos consumidores.Na questão de carros, existe uma visão completamente diferente entre o valor que um canadense e um brasileiro dão ao produto.
Em ambos os países carro é sinônimo de status e poder. Mas de certa forma isso se tornou exagerado no Brasil, sendo que o carro se tornou basicamente um símbolo de status. Até mesmo as letras de múscia brasileiras falam de carros como símbolo de status?
Você quer carro pra quê?
Já tem algum tempo, quando estava visitando o Brasil, me deparei com a propagando do Honda City, após alguns anos no Canadá eu confesso que fiquei um pouco chocado, principalmente pelo slogan no final: “para quem está indo bem”. Em termos publicitários a propaganda é excelente o slogan também, mas algo me chocou, algo estava errado. Assista ao vídeo abaixo:
A mensagem passada pela propaganda é clara: você tem que subir na vida, investir na carreira e aí, quando você estiver “indo bem” na vida compre um Honda City. Mas para que serve um carro? Para mostrar o seu status social? Para você se sentir realizado com seu emprego e com seu salário?
Esses dias assisti aqui no Canadá a uma propaganda do novo Jetta. A propaganda canadense começa de maneira semelhante, o cara vê o Jetta e se vê no reflexo: jovem, cabeludo, tomando um suco de canudinho, o que ele precisa fazer para ter um Jetta? Subir na vida, se entregar à carreira certo? Assista ao comercial para saber o final.
A mensagem do comercial é clara, você não precisa ser um executivo bem sucedido para ter um Jetta, afinal o preço é relativamente acessível! No Brasil ninguém compraria, pois a propaganda sugeriria que é um carro de pobre. Mas aqui no Canadá um carro é visto antes de tudo como uma ferramenta, ele deve ser seguro, econômico e robusto para aguentar o rigoroso inverno, depois vem o status que o carro pode te proporcionar.
No Brasil o status vem primeiro, não é de se admirar que os carros brasileiros sejam os mais caros do mundo, afinal estão na mesma categoria de diamantes e outros adornos. O que você acha?
P.S. espero que os vídeo estejam aberto para visualização no Brasil.
Está sim. Abriu perfeitamente. Esse é um tema importante.
Acho que um dos principais motivos do ridículo culto ao carro no Brasil é que por aqui, cada vez mais, a pessoa é valorada pelo que tem (ou aparenta ter), não pelo que é. E o carro, por ser um bem bastante caro, ganha muito destaque nessa história. O que não falta é gente que se espreme para pagar parcelas altíssimas a perder de vista e mora de aluguel para poder posar com “carrão” (um Jetta ou um Civic no Brasil são carrões) que custa um apartamento e portar roupa de grife. O mais ridículo é que esses carros, em países decentes, são carros populares e custam absurdamente muito mais barato, mesmo sendo melhores equipados, e muitas das marcas que arrancam os olhos da cara no Brasil, não passam de “Tacos” gringas.
Mas é isso, o Brasil é o país onde o rabo abana o cachorro, o país dos valores reversos, da involução. O Brasil é quase a materialização do Mundo Bizarro.
A ostentação já era comum no Brasil, agora virou moda. Vai entender esse terceiro mundo.
É uma situação muito difícil de opinar, até porque quando era adolescente também pensava nessa do carro como status kkkkk.
O pior é você ver um comercial onde a empresa coloca galinhas, buracos e outros mais para mostrar como são as estradas Brasileiras e muita gente compra o carro orgulhoso, estamos sem perspectivas infelizmente em nosso país.
Na minha opinião, essa grande diferença de preços se deve aos mercados que são muito diferentes. Não é apenas o carro, praticamente todos os itens de consumo são mais caros no Brasil do que em países desenvolvidos, especialmente na América do Norte e, ainda mais se considerarmos a renda média do trabalhador. Considerando Brasil e Canadá, não concordo que carro seja artigo de luxo. Em qualquer dos países, se encontra modelos de entrada e modelos luxuosos. No Brasil, grande parte dos veículos populares (hatches 1.0) são vendidos a consumidores que conseguem pagar para sair de um transporte coletivo sofrível, obtendo um pouco de conforto e segurança, com menos suor nos deslocamentos diários, especialmente ao trabalho. No Canadá, os veículos populares (sedans e SUVs médios) são vendidos a consumidores que buscam proteção e conforto contra as intempéries, especialmente no inverno. Um detalhe que considero muito interessante é que, embora o custo de aquisição do veículo seja mais barato no Canadá, o custo de manutenção é mais caro que no Brasil (considerando modelos equivalentes). Independente do país, uma análise de custos e necessidades, é sempre bem-vinda para avaliar se o veículo é necessário e se ele cabe no bolso do cidadão.