Tenho evitado usar o blog para fazer comparações entre a minha terra que tem palmeiras e a terra da “feuille d’érable” – ou maple leaf. Portanto eu conto as histórias que acontecem por aqui e deixo a comparação para que estiver lendo. Mas não posso deixar de dizer que a inspiração do post veio de duas notícias que vieram do Brasil e do Quebec em um curto espaço de tempo. Não vou citar o caso do presidente do senado brasileiro, prefiro contar o caso do ministro do meio-ambiente do Quebec.
Corrupção em terras canadenses
Corrupção não é um patrimônio cultural brasileiro apenas, é mundial. O que muda entre um país e outro é o tamanho das intrigas, a cara de pau e o como as histórias terminam. O Quebec tem casos históricos de corrupção e da máfia da construção civil, esses laços obscuros são combatidos mas, com o tempo se restabelecem. Nesse momento o país acompanha a Commission Charbonneau, nome popular dado à comissão de investigação da justiça sobre contrato ilícitos com empreiteiras que se iniciou em 2011. Por aqui não há muitas dúvidas de que pessoas serão presas e esquemas serão desfeitos, embora todos imaginam que alguns peixes grandes sairão ilesos.
A esperança de que esse tipo de investigação não acabe em pizza, está no fato de que a comissão é gerenciada pelo departamento de justiça, não é uma comissão parlamentar, e também porque existem casos anteriores que terminaram mal para corruptos e corruptores. O que dificilmente veremos é o dinheiro do contribuinte voltando do bolso dos bandidos. A transparência também é uma característica dessa comissão, link aqui.
Delitos menores
Os atos que estão sendo julgados por essa comissão são bem sérios, envolvem desvio de dinheiro, máfia e atos criminosos para impedir empreiteiras independentes de se candidatarem a obras públicas. Mas a história que eu quero contar aqui, ceifou a cabeça de um político por muito menos.
Daniel Breton foi indicado como ministro do meio-ambiente no novo governo da primeira-ministra Pauline Marois. A seu favor um passado de militância em diversos movimentos de proteção ao meio-ambiente, mas logo a casa caiu pro lado dele. Um passado sujo foi levantado pela imprensa e pela oposição e após alguma cobrança da opinião pública M. Breton pediu exoneração do cargo.
Vejamos uma breve lista dos embaraços de Daniel Breton:
- Deixou de entregar sua declaração de imposto de renda a tempo, pelo que foi condenado a pagar 400$ de multa;
- Várias multas de trânsito, principalmente por dirigir em alta velocidade;
- Infrações contra o seguro desemprego, pelas quais foi condenado a pagar uma multa de 300$;
- Vários meses de aluguel não pago, remontando a uma dívida de mais de 7000$;
Caramba!!! Estávamos o Fábio e eu a ler o post e desculpe… Foi inevitável rir ao ler a lista dos embaraços do Sr. Daniel Breton!!!
Aqui, estes embaraços não passam de meros “lapsos” de memória dos nossos ilustres políticos (esquecimento de declarar IR, de pagar o aluguel, etc).
Fico feliz que aí estas coisas sejam levadas tão a sério.
E tão decepcionada com minha própria reação de riso… Pois isso nada mais significa que aqui a bandalheira está generalizada!!!
Que coisa, hein? Mas realmente, delitos “pequenos” como esse já mostram bastante do caráter da pessoa! Estão certos os quêbécas em serem detalhistas…
Abraço,
Lidia.