Ponto de vista – O Halloween

Começo esse post com uma redação fictícia do Cookie, o toutou e alter-ego do meu filho:

O Halloween

O Halloween é uma festa que acontece em 31 de outubro. Nesse dia as pessoas vestem fantasias bem diferentes e vão até a casa dos outros pedir doces.

Os mascotes do Halloween são fantasmas, bruxas, monstros e outras coisas que dão medo. A minha escolinha está cheia de teias de aranhas, morcegos e fantasmas, na piscina onde eu faço natação também tem fantasmas.

Eu esperei muito pelo dia do Halloween porque a minha professora disse que vou ganhar muitos doces. Eu acho que o Halloween é uma festa divertida, mas eu tenho medo do Halloween.


Interrompemos a redação do joãozinho para algumas explicações.

Origem

Monstros cantam no LaRonde

Monstros cantam no LaRonde

A festa do Halloween é muito popular em várias partes do mundo. Irlanda, Escócia, Estados Unidos e Canadá são os lugares onde essa festa é mais tradicional, mas ela tem ganhado o mundo, incluindo é claro o Brasil.

A sua origem mais conhecida é da cultura Celta, onde acreditava-se que nesse dia o mortos voltavam para assombrar seus antigos lares. Para se proteger de qualquer problema causado por essas “almas penadas” as pessoas colocavam em suas casa objetos que poderiam assustar qualquer mau espírito. Mais tarde, a cultura celta acabou se infiltrando na tradição cristã deixando a história ainda mais complicada.

Como está hoje

Casa da vizinhança

Casa da vizinhança

Apesar dessa origem mística e um pouco macabra, hoje em dia essa festa dos mortos é encarada como uma grande brincadeira, uma oportunidade para se fantasiar e ganhar alguns doces ou fazer escultura de abobora recortando expressões faciais no vegetal. As origens dessa festa ainda estão presentes nas casas enfeitadas de forma macabra e nas fantasias assustadoras. Detalhe à parte para a trilha sonora fluindo de dentro de algumas casas que fariam fundo musical  perfeito pra qualquer filme de terror e suspense de Alfred Hitchcock.  Fantasias de monstros, vampiros, bruxas, esqueletos e coisas macabras predominam, algumas crianças pegam leve e escolhem fantasias de super-herói, fada ou até a roupa do papai e da mamãe.

Descobri que a região em que moramos é um dos pontos tradicionais da cidade durante a noite de Halloween, pessoas vem de outras regiões da cidade para pedir doces aqui, entupindo o bairro com carros – geralmente as ruas aqui são bem livres – e principalmente enchendo a rua de pessoas, aliás, monstrinhos.

O lado ruim

Existem pessoas que gostam de filmes de terror, outras não. Existem pessoas que deixam seus filhos assistir qualquer coisa na TV, outros filtram o que os pequenos vêem. É uma questão de valores pessoais e de gosto. Na noite de Halloween brinca quem quer, é livre escolha. Mas as escolas, garderies e a programação de TV injetam Halloween na veia das crianças, não apenas no dia 31, nem na semana anterior, mas praticamente todo o mês de outubro.

Cemitério no jardim do vizinho

Cemitério no jardim do vizinho

Alguns educadores defendem que isso ajuda as crianças menores a encarar os seus medos e assim vencê-los. Na prática pode ocorrer o contrário, as crianças passam o mês de outubro pintando morcegos, aranhas, bruxas, fantasmas e abóboras maquiavélicas na escola, lendo e ouvindo estórias assustadoras. A crianças maiores podem até entender que tudo isso é ficção, mas as pequenos acabam assimilando elementos novos a sua imaginação que não existiam antes, resultado: medo.

Por fim não há nenhuma moral para tirar no final, fica uma impressão que a única saída que você tem é não só aceitar fazer parte do filme de horror mas também tomar o papel do vilão, vestindo-se no dia 31 de modo assustador e assombrando a casa dos vizinhos com a tradicional ameaça – trick or treat. Se você fizer tudo direitinho ganha muitos doces.

Tudo isso é claro uma grande brincadeira, mas então para que a imersão macabra com ares de lavagem cerebral? O resultado é que o meu filho que não sabia o que era monstro, teve vários pesadelos nos últimos dias por conta das histórias de Halloween. Vou convidar as professoras da garderie para acalmá-lo no meio da noite e explicar que tudo é apenas fantasia.


continuação…

Na noite do Halloween eu ví muitas pessoas com caras de monstro, e bruxas muito feias, vi também as casa enfeitadas com abóboras com caras feias. Achei tudo muito engraçado, mas a noite eu sonhei com um monstro vermelho e peludo, com pés brancos pequenos e unhas grandes. Ainda bem que eu lembrei da musiquinha do DVD dos Veggietales: “Deus é maior que qualquer cara feia, é maior que o Godzilla e que os monstros da TV, porque Deus é maior que qualquer cara feia ele cuida de você e de mim”.

Fim.

Uma opinião sobre “Ponto de vista – O Halloween

  1. E o que dizer do restante dos feriados? Dia das Crianças? Natal? Dia dos Namorados?

    Aqui no Brasil o Dia Das Bruxas já tem se tornado parte da cultura… e nem é traduzido. A criançada comemora o tal de “Ralouin” sem saber de onde veio a palavra.

    Geração atrás, o professor era quem abria os olhos dos alunos contra a massificação das idéias e a lavagem cerebral na banalidade. Hoje quem precisa fazer isso somos nós mesmos.

    De certa forma, não deixa de ser bom até para os pais. Essa necessidade nos mantém atentos para o que acontece com os filhos. Pena que a maioria simplesmente anda no mesmo embalo que os professores.

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