O resultado da enquete sobre as razões que fariam um brasileiro imigrar me surpreenderam um pouco. Por isso achei uma boa ideia comentar e comparar as minhas expectativas em relação aos principais itens da pesquisa.
Segurança pública
O primeiro item, com 59% dos votos, foi a possibilidade de viver com mais segurança. Embora nas grandes cidades do Canadá também aconteçam roubos, assaltos a bancos e pequenos furtos, a quantidade é muito inferior ao que se vê nas grandes cidades do Brasil.
Mas vamos falar sobre violência, isto é, assalto a mão armada, seqüestro ou seqüestro-relâmpago, mortes em brigas de transito, balas perdidas, etc. Nesse ponto o Canadá vence de goleada!
Para ser bem honesto, vou comparar a violência com números de Curitiba, pois é onde eu morei antes de vir pra cá. Também porque é uma cidade com um tamanho comparável ao de Montreal e não está entre as mais violentas do Brasil. Pois bem, em Montreal, foram contados pouco mais de 25 assassinatos de 1º de janeiro de 2010 até o momento. Em Curitiba aconteceram 21 assassinatos apenas na virada do ano, contando-se a noite de 31 de dezembro de 2009 e o dia 1 de janeiro de 2010. Ou seja, Montreal demorou oito meses para atingir o mesmo índice de mortes que Curitiba teve em um dia.
Resumindo: Quem votou nesse item como número um, venham tranquilos, mas não esqueçam de trancar bem o carro e não deixe o GPS à vista.
Melhor relação entre trabalho e vida pessoal
Esse é meu item preferido e para o meu espanto ficou em segundo lugar com 50% dos votos – apenas lembrando que a conta não soma 100% pois era permitido votar em 3 itens.
Vim buscando isso e encontrei. Já percebi que as pessoas respeitam mais os seus compromissos particulares, mas também há empresas que exploram um pouquinho. Mas não esqueça, como imigrante em seu primeiro emprego você pode estar mais suscetível aos sanguessugas do mercado.
Vejam meu caso, entro às 9h00 e saio às 17h00. Às vezes entro às 8h30 e saio às 16h30 e alguns dias trabalho uns 30 minutos a mais, mas no máximo às 18h30 eu estou em casa. Isso permite à minha esposa estudar a noite – impensável no Brasil.
Resumindo: Você nunca mais vai ouvir aquela piadinha: “Tá saindo mais cedo? Tá desmotivado?”
Melhor educação para os filhos
Com 38% dos votos ficou a educação para os filhos. Essa talvez tenha sido a minha maior decepção. Calma vou explicar.
Os próprios Quebecoises consideram o ensino por aqui muito fraco. Na escola pública então nem se fala. Na pré-escola, ou melhor, na garderie o problema pode ser ainda maior.
Tenho dois filhos. O mais novo frequenta a garderie, a mais velha vai à escola pública primária. É uma excelente escola comparada com outras escolas públicas, mas me parece que o ensino evolui muito lentamente. Tenho certeza que na escola em que ela estudava em Curitiba o nível seria maior ou na pior das hipóteses o mesmo. Mas veja, estou comparando escola pública com particular.
Por outro lado vejo que o ensino aqui, mesmo nas escolas públicas, é mais abrangente não se limitando as matérias normais. Por exemplo, no ano passado minha filha tinha aulas de como lidar com as emoções, como gerenciar um conflito e outros assuntos relacionados a inteligência emocionoal. Isso pra crianças de 5 anos!
Dizem que no nível secundário o nível cai bastante, tendo inclusive escolas que aboliram o dever de casa pois os alunos simplesmente se recusam a fazê-lo. E os pais não estão nem aí e isso é inacreditável. Isso tudo puxa o nível para baixo. Muitos decidem colocar os filhos em escolas secundárias particulares ou tentar matrícula nas escolas públicas de primeira linha. Ambas exigem um vestibulinho para aceitar a matrícula da criança.
Garderie é um problema a parte. Você pode conseguir vaga numa excelente CPE, comparável as escolhinhas privadas no Brasil, ou numa excelente garderie en milieu familial ou seu filhos pode ir para um lugar comparável a uma creche popular no Brasil. Ou pode também não conseguir vaga nenhuma.
Resumindo: Em ambos os casos, é o dinheiro dos pais e o esforço dos filhos que darão às crianças uma educação melhor. Como no Brasil.
Fugir da corrupção e ingerência pública e Imersão numa cultura de 1º mundo
Esse dois tópicos tiveram boa votação também. Com 35% e 24% respectivamente.
Mas atenção! Sempre estouram casos de corrupção por aqui também, embora a reação pública seja bem diferente. Veja esse post. Aqui não tem essa de “rouba mais faz”. Roubar, desviar verbas ou favorecer fornecedores são coisas inaceitáveis.
E a cultura daqui é muito rica e fica muito diversificada quando se soma a cultura dos países de origem dos imigrantes. Mas não sei se esse rótulo de 1º mundo se aplica, talvez não!
Resumindo: Aqui também tem casos de corrupção, mas isso ainda não tomou conta da política, como no Brasil. E aqui não tem Rebolation!
Ganhar dinheiro
Em último lugar com apenas 4% dos votos ficou a opção ganhar dinheiro. Ainda bem! Porque,principalmente no início, a coisa custa caro! Mas olhando para imigrantes que estão aqui a mais de cinco anos, vejo que dá pra ganhar uma graninha sim…
Resumindo: Legal saber que as pessoas buscam qualidade de vida, mas ter o seu trabalho bem recompensado ajuda bastante.
Olá,
Bem legal este post… estamos no processo e entramos nesta devido à violência e qualidade de vida (mais tempo p/ curtir a família).
à bientôt!
Sandro,
Parabéns pela enquete(eu participei) e pelo execelente post.
Bem atual e mostra um pouco do perfil daquele que deseja imigar para o Canada.
O fato de você trazer um pouco da sua vivência também foi muito enriquecedor.
Merci,
diariocanadabrasil.blogspot.com
Oi Sandro!!
Muito legal a enquete.
Acho que quando estamos no Brasil, os motivos que nos fazem emigrar sao uns. Mas depois de estar aqui e começar a viver a viver a verdade, os motivos para ficar nem sempre continuam os mesmos.
Na verdade tanto para emigrar quanto para se manter imigrante, nao é uma ou outra razao que nos faz tomar estas atitudes, precisa de um grande pacote de “porquês”.
Dos mencionados na enquete, que costumam mesmo ser os mais motivadores, posso dizer que acesso a uma boa educaçao estava no meu pacote inicial, assim como uma boa saúde pública.
Hoje, sei que esses dois setores sao péssimos, sinceramente o que conheci aqui, empata com o que conheci no Brasil, de bom e de ruim.
Entao nao é por esses 2 motivos que nós, Lapins, ficamos.
Em compensaçao, no quesito segurança pública, fugir da corrupçao sem cura, e melhor relaçao entre trabalho e vida pessoal, continuam no nosso pacote “pq. ficar”.
Há ressalvas porém: no quesito segurança, temos uma situaçao bem melhor que o Brasil (comparando por exemplo os números que vc citou), mas já começamos ver por aqui muitos casos de impunidade. Criminosos que nao sao punidos e voltam a cometer crimes barbaros. Uso de drogas e proibido por lei, mas ninguém faz nada para coibir. Inclusive o local onde mais se consome é nas escolas, sejam péublicas ou privadas (Só para citar alguns exemplos).
No quesito corrupçao, me preocupa muito casos como or ecente da concorrencia ( ?) “vencida” pela Bombardier+alstom para o metrô de Montréal, isso pra mim foi pior que as trapaças do Maluf (e outros tantos que conhecemos!).
Como assim inventar aos 46′ do segundo tempo uma lei para adequar uma cachorrada daquelas? Fazer a populaçao pagar o dobro do preço por um contrato (já começaram a tirar de outras fontes, vide novos valores de matriculas dos veiculos!) sem esclarecer as razoes e tirando de forma vergonhosa um concorrente estrangeiro competitivo (se os trens do concorrente nao eram bons, pq. nao abriram o jogo e informaram claramente a populaçao que nao estavam comparando maças com maças?? ). Isso me lembrou o Brasil protecionista e militar dos anos 70 e 80, que afundou o país num atraso tecnológico sem precedentes e freiou o desenvolvimento por anos por uma suposta “proteçao da industria nacional” e onde para resolver qualquer questionamento, era só criar um AI-5.
Meeeeda, muito meeeda de ver isso aqui que gostamos tanto se degradar nos próximos 15 anos…
Infelizmente aqui no Québec, absurdos adminitrativos (e sinais claros de corrupçao na esfera pública) geram indignaçao pública mas assim como no Brasil, na maioria das vezes, essa indignaçao nao passa das conversas nas rodinhas na hora da pausa-café.
De vez em quando um ou outro grupo fazem uma manifestaçao, mas tenho a impressao que o impacto que elas causam é bem pequeno. Tomara que eu esteja beeeem errada.
Por isso adorei a galera entrando na prefeitura de Mascouche para assustar “o homi”. Moradores de outras cidades (como Laval, Montréal) poderiam bem tomar isso como exemplo.
abraços
Erika
Geralmente as motivações são as mesmas, mesmo para quem ainda não tem família formada, é a violência, é a qualidade de vida, etc, etc.
Concordo plenamente que é na vivência que vamos decidindo o que pesa mais em ficar/ não ficar, embora pra gente isso queira dizer mais em ficar ou não no Québec e não simplesmente voltar para o Brasil.
O que me preocupa muito é a questão da educação, uma vez que em Manaus as escolas particulares no geral (pelo menos da minha filha era assim), mantinham uma linha dura de acompanhamento, tarefas, etc. e aqui mesmo estudando numa das melhores escolas públicas, e estando no accueil ainda, a maioria dos dias minha filha não tem dever de casa. Como assim né? Eu sei que ela passa o dia todo lá, mas em horas de estudo mesmo são apenas 6hrs por dia, 1 a mais que no Brasil, mas lá tinha bastante dever de casa, trabalhinhos, pesquisa, etc. e aqui não tem nada! Até minha filha acha isso estranho. Eles tem um acompanhamento muito bom, mas nesse quesito de dever, trabalhos, etc., pra mim fica a desejar. Não sei como será no regulier, mas tenho a impressão que vou me decepcionar…
Nosso padrão de comparação com relação à qualidade de vida é sempre Manaus, e neste quesito, aqui estamos bem satisfeitos. Mas é bem verdade o que vc falou do 1o. emprego. Meu marido está no 1o. emprego e está trabalhando num horário maluco. Mas depois de algum tempo com experiência canadense, será hora de mudar.
Mas tudo aos pouquinhos. Precisamos ter paciência e isso é uma coisa que aqui aprendemos a lidar bastante.
abraços
Boas Sandro,
Muito interessante e válido essa tua enquete!
Como pra mim, a violência no RS (Porto Alegre) é um fator negativo compensado pelo inverno na Cidade do Québec, até aí eu tinha um empate na minha decisão entre imigrar ou não.
Depois, pela vivência e analisando a situação da saúde pública e da educação no QC, aliado ao tipo de trabalho que eu e minha esposa temos no RS, acabamos por decidir ficar por aqui. Está para fazer 2 anos dessa decisão e só temos melhorado (aqui no RS).
Boa sorte para vocês aí nos próximos invernos!
Espero que consigam o que desejam para sua felicidade e dos pequenos!
Abraço,
Fabrício
[movido de Pesquisa]
Olá Sandro e Adriana, boa noite!
Vi em alguns comentários antigos no blog falando sobre escolas em uma enquete de 2010.
Gostaria de saber mais sobre o assunto, pois gostei muito da pesquisa e também de tudo que pude aprender com os resultados e com os comentários dos colegas..
Como este assunto já tem um tempo considerável, gostaria de saber se a opinião de vocês sobre as escolas de Quebec ainda continuam as mesmas (ensino fraco). Isso muito me preocupa pois minhas filhas estão com 12 e 14 anos e no meu caso, o fator nº1 para a decisão da imigração seria o futuro delas, principalmente relacionado à educação.
Hoje ambas estudam em um colégio particular muito conceituado, o que me deixa indignada por custar muito caro, cerca de R$1300,00 por mês cada uma.. Tinha imaginado que estaria livre deste problema aí em Quebec.. Estou errada?
Abraços,
Juliana
Juliana,
Acho que o post que você procurava era esse, portanto movi sua mensagem para cá.
O ensino no Quebec não é fraco! Eu diria que o ensino superior é bem mais forte que no Brasil. No ensino primário e secundário, a verdade a escola pública é mais fraca que a particular. Mas é infinitamente melhor que a escola pública no Brasil.
O imigrante que paga uma boa escola particular no Brasil, vai achar o ensino público no Quebec fraco, mas mesmo assim bom o suficiente. Lembrando na rede pública ou privada há escolas muito boas e outras muito ruins.
Se você quiser um ensino de ponta terá que pagar uma escola particular ao custo de uns CAD$4000 por ano. Bem mais barato do que você paga hoje no Brasil. Ou passar num teste difícil para ser aceita nas escolas públicas de ponta.
Esse link tem a classificação das escolas públicas e privadas de nível secundário: http://www2.lactualite.com/wp-content/blogs.dir/1/files/palmares-2008.pdf
Boa sorte.
Olá… Estamos nos preparando pra ir ao Quebec nosso francês esta intermediário e inglês básico.Temos dois filhos de 20 e 22 ja formados em areas aceitas pelo Quebec…Pretendemos ir todos como família, a minha dúvida é saber como está a area de trabalho pra nós os pais… Pois aqui no Brasil tenho meu estúdio de Pilates sou formada em Educação Física e Fisioterapia e meu marido em Ciências contábeis e administração… Tenho um pouco de receio em demorar na recolocação de mercado de trabalho de ambos. E gostária que vc me enviasse tbm sobre a questão de empresa, pois como tenho meu estúdio tem em fechar a empresa aqui no Brasil e não der certo… o que vc tem a nos falar quanto a isso?? Estamos muito apreensivos… grande Abraço e parabéns pelo blog!!! muito bom !!!
Na verdade, o que citei acima seria daqui a 4 anos tempo que duraria a nossa migração…mas estu totalmente desanimada devido a nossa idade !!!
Obrigada…
Gislene