Bati o carro, e agora?

Exemplo de Constat amiable

Exemplo de constat amiable

Era um fim de tarde, horário de pico, 16h30 (sim porque a maioria das pessoas sai do trabalho entre quatro e cinco horas). Entrei no carro com os dois pequenos no banco de trás e minha sobrinha adolescente no banco do passageiro. Eu estava indo buscar meu marido no trabalho e de lá fazer turismo nossa visitinha do Brasil. Conversando pelos cotovelos como sempre perdi a entrada pra uma avenida e resolvi pegar a próxima rua á esquerda pra retomar o curso. Avenida movimentada mas conversao autorizada, a gente para, espera o fluxo da pista contraria parar dobrar. Até aí tudo certo, parou um carro, depois um caminhao, opa agora posso ir, o caminhao fez sinal de vem com a mao e eu fui, e de repente BOOM. Bateu.

Um carro saiu de trás do caminhao e cortou por uma faixa destinada a estacionamento e eu nao tinha visao por causa do baita caminhao. E agora?

Mil coisas passam na cabeça em uma fração de segundos. A primeira checar se alguem se machucou, graças a Deus todos bem. Bom entao o negócio é sair e começar a ver os estragos, e discutir pra ver quem estava errado quem vai pagar o estrago, certo?

Não é bem assim. Tiramos os carros do meio da avenida. Bom como eu não sabia o que fazer e nem a senhora vietnamita que se envolveu no acidente, liguei pra policia. A policia disse que sem vítimas a gente deve preencher um formulario de constatação de acidente e cada um vai pra sua casa e lida com seu seguro.

Ok, enquanto eu falava com a policia um gentil cavalheiro da loja em frente da qual a gente colidiu me ofereceu o formulario padrao que eu nao tinha. Preenchemos com nossos dados pessoais e fazemos um desenho de como foi a batida e ambos assinamos. Detalhe a senhora que se envolveu no acidente quase nao falava ingles, muito menos o frances e nao sabia escrever em ingles, tive de fazer por nós duas e ela só assinou.

Pronto e agora? Avisar o seguro pra ver quem vai pagar o estrago eu ou ela. Não!

Aqui no Quebec, cada um tem seu seguro, é obrigatorio ter seguro contra terceiros e não existe esse lance de quem tá errado pagar a conta de todo mundo. Independente de culpa, cada um paga o seu. O seguro pra terceiros é pro caso de quebrar um poste, ou despesas com vítimas.

Explicando melhor, segundo a lei do Quebec, ninguém quer bater o seu carro, portanto, um acidente é sempre um acidente e não existe culpado. Mas existe responsável. O condutor responsável é apenas uma informação que ajudas as seguradoras a organizar as despesas (entre os seguros dos envolvidos) e para manter atualizado seu dossiê de condutor.

Fiquei chocada quando o atendente do seguro me disse que mesmo a senhora estando errada por trafegar por uma faixa destinada a estacionamento eu era responsável pelo acidente pois eu estava dobrando e ela indo em frente. Mas  fiquei contente a saber que a lei do quebec me isenta de pagar o estrago. Ou seja, como a outra pessoa possui seguro integral, ela terá que pagar a franquia e acionar o seu próprio seguro, mesmo sendo eu a responsável. E eu me viro com o estrago do meu carro. Estranho né?

O estrago do meu carro não parecia muito grande mas pra arrumar eu deixaria pelo menos 1500 dólares no funileiro. Fora o desgaste emocional, tudo que podia ser feito a gente fez. Vamos pra casa curtir a fossa, certo? Que nada, vamos buscar o papai e passear já que nao adianta chorar o leite derramado.

Decidi trocar de carro, mesmo batido. Depois de quase dois meses demos nosso carrinho velho e batido como parte de pagamento em outro menos velho, mas bem melhor conservado. Graças a Deus tudo deu certo. Espero não bater o novo! Acompanhem no proximo poste como comprar um carro.

Para entender mais o lance de responsabilidade acesse:

http://www.gaa.qc.ca/documents/convention_franc.pdf

3 opiniões sobre “Bati o carro, e agora?

  1. Oi, Adriana

    Meu nome é Igor Schultz e participo dos grupos de discussão da Internet junto contigo. Por isso, recebi este post e fiquei curioso. Moro em Curitiba e estou indo para o Montréal em 20 de outubro.

    Puxa, que situação, hein? Mas é algo do cotidiano, que a gente normalmente não prevê quando está no Brasil. Por isso, lhe agradeço muito por ter relatado esta experiência, que nos deixa alertas para pesquisarmos sobre o assunto e conhecer mais um pouquinho…

    Abração grande e a Paz
    Igor Schultz

  2. Oi Adriana, muito interessante saber como as coisas funcionam por aí em um caso como esse; E o mais importante que ninguém se machucou. Obrigado pelo post.

  3. Olá Adriana!

    Ótimo post, mas o mais importante é que nenhum nos envolvidos se machucou.
    Só tenho uma curiosidade: no caso da minha seguradora aqui no Brasil, se eu utilizar o seguro, sendo eu culpada ou não pelo acidente, eu não tenho um desconto na próxima renovação do mesmo, uma espécio de bônus para o “bom motorista”. Com as seguradoras daí, isso também acontece?
    Bom, agradeço pelo ótimo post e pelas informações.

    Beijos

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