A pirâmide do sucesso é estreita e alta, lá no topo cabem poucos. Isso vale na carreira, na política, nas artes e no esporte. Imagine que você é um destaque na sua área de atuação, sua competência chegou a um pouco que vc decidiu sair do Brasil para alçar vôos maiores; agora vc está no topo.
Já bem longe das terras onde canta o sabiá, vc está entre os 30 melhores do mundo na sua área de atuação. Os seus colegas vem de todas a partes do mundo: Índia, Austrália, Alemanha, Inglaterra e diversos outros países. Algumas vezes as pessoas lembram que você é brasileiro, outras vezes te tratam como cidadão do mundo, afinal, após tanto tempo fora do seu país vc já se acostumou a se expressar em várias línguas. A sua competência nunca é negada, mas seu caráter sim.
Em um certo momento, os que dominam o poder resolvem que algo precisa ser feito, um trabalho sujo. Olham para você e seus talentosos colegas procurando aquele que vai se sujeitar a burlar as regras e fazer algo que é no mínimo vergonhoso. Pois o escolhido é você! Afinal você é brasileiro, você fará o trabalho sujo.
O que acabo de relatar aconteceu mais uma vez ontem. E eu, que sou imigrante, começo a me preocupar com a imagem do profissional brasileiro no exterior. Quem sou eu como profissional brasileiro? Alguém que se sujeita a tudo? Cujo o caráter é maleável? Alguém que é capaz de burlar as regras pelo bem do grupo?
A imagem do piloto de Formula 1 Felipe Massa manipulando o resultado ao deixar o companheiro passar, algo que é contra o regulamento, é uma mancha na reputação de todos nós brasileiros. O pior que isso se soma ao caso semelhante vivido anteriormente por Rubens Barrichello e o caso ainda mais grotesco quando o piloto Nelson Angelo Piquet jogou seu carro no muro para favorecer a equipe.
Posso imaginar meus chefes pensando: “Em caso de necessidade quem poderia agir de forma vergonhosa pela empresa? O Sandro. Ele é brasileiro, está acostumado?”. Como vou construir aqui no Canadá uma carreira com ética e profissionalismo se meus conterrâneos passam a idéia de que tudo é válido pelo bem do time? Ou seria tudo é válido para permanecer no topo?
Felipe Massa disse em uma entrevista que fez tudo “pelo bem da equipe”. Pode ter feito um bem pela equipe, mas fez um mal tremendo à imagem de todos nós brasileiros. Principalmente nós que vivemos no exterior.
Lamentável…
Sandro,
Eu concordo e “desconcordo” com o seu post. Realmente fica uma mancha na carreira do piloto mas uma mancha ainda maior na imagem do povo brasileiro. O mesmo povo q amanhã já esqueceu td e aplaudirá o piloto, claro. Mas a revolta não é por esse caso em si, mas por uma série de acontecimentos que seguem esta linha da malandragem, do jeitinho, da falcatrua. É inaceitável. Ainda mais vindo de pessoas pública de quem se espera um pouco mais de exemplo.
Contudo há de se questionar a posição dos órgãos diretores também. Se Massa tem culpa, a Ferrari tem culpa e meia. Punição para um, punição para todos. Ou seja, se o brasileiro é “maleável”, o italiano é “mafioso”. OK, até aí sem surpresas. Mas vc entende o q eu quero dizer. Infelizmente, no decorrer de nossa carreira profissional podemos ficar sujeitos a um “pedido” desse tipo. E não creio q poderei ser julgado pelo ato dos meus compatriotas. Eu é quem decido pelos meus atos. Não acho vão dar sempre o trabalho sujo pro brasileiro fazer e sim para aquela pessoa q demonstra ter “qualidades” para tal. Talvez até pensem no seu nome antes de mais nada, mas se a sua postura profissional já indica q vc não cumpriria a tal ordem, então bau bau…
Digo isso pq acho q td povo tem seu teto de vidro. Td povo tem uma imagem ao qual se assemelha até por motivos históricos ou culturais (turco=pão-duro, japonês=inteligente, espanhol=mal-humorado, francês=mal-educado, argentina=metido), mas depois dessa primeira impressão fica com certeza o q é mais importante, q é a sua imagem pessoal perante o meio q vc vive. Dessa vez o Massa mostrou a imagem q ele poderá ficar marcado na meio automobilístico mas isso não significa q esse é o reflexo do Sandro, do Thiago ou do João.
Bom, essa é só a minha opinião. Ótimo post! Parabéns!
Posso dizer que me chocou como brasileiro agora que me fez olhar no espelho..
Eu ainda não tinha ligado a relação dos 3 pilotos brasileiros como os “laranjas” das ações de mal-caratismo..
Ótimo texto..
Olá, Sandro.
Obviamente q apóio sua postura e saiba q serei mais uma representante da ética aí no Canadá.
Muito bom o texto tb!
Gostaria q vc escrevesse mais, rs. Gosto muito dos seus textos!
Olá Sandro!
Tinha escrito um comentário enorme agora e quando fui enviar, deu erro! Mas enfim, serei mais breve agora.
Concordo com tudo o que disse e vejo ainda uma agravante, a nossa imagem como pessoas fracas. Pelo menos é o que eu penso desses 3 pilotos. Sei que eles estão lá pra ganhar dinheiro, mas eles carregam uma bandeira comum a mais 190 milhões de pessoas. Trazendo isso para a realidade, é claro que atitudes como essa contribuem para manchar a imagem do brasileiro.
Torço para que pessoas honestas como você deve ser, não passe por situações como essa, elas podem ser muito desanimadoras e desanimo é tudo que um imigrante não precisa, não é?
Bom, desejo tudo de melhor pra você e sua família.
Sucesso!
Hahaha… adivinha qual foi o código de segurança para postar o comentário acima… COPY!!! Um dia eu aprendo!
Não acho que Canadense seja tão mais ético do que brasileiro assim. A grande diferença é que aqui a sociedade é mais justa. Vejo picareta para todo lado, leis de transito serem ignoradas, etc. Novamente, a diferença aqui é o coletivo, nem tanto o indivíduo. Por outro lado não sei qual a imagem do Brasileiro aqui. Pode ser que a IMAGEM seja de picareta.