No último fim de semana nós tivemos a oportunidade de fazer uma viagem de carro até Toronto. Mas em vez de falar do destino resolvi comentar sobre a viagem ou melhor, sobre a estrada.
Um pouco mais de 500 quilômetros separam Montreal de Toronto, as duas cidades com maior população do Canadá. Pela distância e pelo movimento é inevitável a comparação com duas estradas conhecidas do Brasil, a Dutra e a Regis Bittencourt.
Comecei a pensar em escrever esse post quando lá por uma hora de viagem a Adriana me perguntou se a estrada era pedagiada, eu disse que não. Então ela fez uma cara de “tem certeza?”. O asfalto não é extraordinário, mas a qualidade geral da estrada e a sinalização impecável são comparáveis às melhores estradas brasileiras, onde se paga pedágio, e paga-se caro.
Em 2009 a OMS emitiu um relatório* sobre mortes em acidentes de trânsito em todo o mundo, esse relatório aponta uma média de 18 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes no Brasil; enquanto no Canadá a média é de 8 mortes por 100 mil habitantes, menos da metade. Diversos fatores podem ser apontados para explicar essa diferença: a qualidade das rodovias, a modernidade dos veículos, a fiscalização das autoridades, etc. Mas acredito que a principal diferença seja o título desse post: educação no trânsito.
Não posso dizer todos os motoristas são cavalheiros, pois em Montreal, principalmente, buzina-se muito e a sempre um ou outro apressadinho. E também existem casos bizarros, como o que ocorreu com um amigo que foi obrigado a desviar de um veículo que vinha a toda, na contra-mão em plena estrada. Mas casos como esse são exceções afinal aqui, como em qualquer outro lugar, também tem gente louca. Mas de modo geral a preocupação com segurança e principalmente com o outro carro está sempre em alta.
Claro que a segurança da estrada também conta, afinal todos os acessos as cidades são feitos por viadutos, não existe trevos que mais parecem cruzamentos. Ninguém mora na beira da estrada, nem atravessa a estrada – nem passarela tem – e também ninguém vende banana ou siri no acostamento. E boa parte dos postos de gasolina e restaurante ficam fora da estrada, de maneira que a movimentação se dá através de um dos viadutos que dão acesso a alguma cidade.
Alguns relatos da viagem podem ajudar a exemplificar essa questão da educação. Ao me aproximar de um entroncamento percebi ao longe que uma carreta contornava o acesso para entrar na estrada. Quase que automaticamente os carros e caminhões que estavam na fila da direita mudaram de faixa para a esquerda. Deixando a pista direita livre para que a carreta pudesse entrar e tomar velocidade. Me lembro que havia uma questão no teste direção sobre liberar a pista da direita para quem está entrando na estrada – conforme imagem ao lado – mas eu duvidava que as pessoas fizessem isso na vida real.
Outro ponto interessante é que todo mundo mantém mais ou menos a mesma velocidade. A estrada tinha um limite de 100 km/h, então todos os veículos, mesmo os caminhões, trafegavam a essa velocidade – na verdade um pouquinho acima. A diferença é que não havia aquela situação comum no Brasil de vc querer ultrapassar um caminhão que está a 60 km/h enquanto na faixa da esquerda os veículos te cortam a 140 km/h.
Ninguém me pediu passagem. Sempre me irritei com aqueles motoristas que querem que vc desapareça para eles passarem, mesmo que vc esteja usando a faixa da esquerda para ultrapassar, e esteja já a 120 km/h tem sempre um Gol tunado, colado na sua traseira e piscando o farol alto. Ele quer trafegar a 150 km/h e você está atrapalhando o caminho. Viajei mais de 1000 quilômetros sem que ninguém pedisse passagem, nem mesmo ligando a seta pra esquerda educadamente. Mesmo quando havia algum veículo correndo um pouquinho mais ele guardava distância e esperava até que eu mudasse para a pista da direita para depois me ultrapassar com toda paciência. Mesmo quando o carro em questão não era um Gol tunado, mas um Porsche.
* Link para o relatório da OMS: http://web1.estadao.com.br/pdf/arquivos/16_06_2009report.pdf
Oi, Sandro!
Pois é… essa questão de educação (inclusive no trânsito) deve ser algo q salta aos olhos logo no começo, né? A educação (ou a falta de) é um dos meus maiores motivos de querer imigrar. Espero poder ser um pouco mais feliz e sentir-me seguro aí nessa questão.
É assim mesmo… esse é o meu país. Eu chamo de “meu brasil Brasileiro”; porque o brasil (isso mesmo, com b minúsculo) nunca foi tão importante quanto o Brasileiro que nele vive.
Fala Júlio, como vai a família!?
Valeu pelo comentário! Mas eu acho que existem brasileiros e Brasileiros… assim como tem canadenses e Canadenses… 😀
Acho que educação no trânsito é um dos primeiros sinalizadores se uma sociedade é ou não civilizada.
Mas teve sorte, eu assim cruzei pro Québec já tinha carro na minha cola dando farol – detesto gente que dá farol! Um dos motivos pelos quais não vamos morar no Québec, ha ha ha.
Abs,
Carro dando farol?!? Era brasileiro.. k k k k