Educação no trânsito

Techo da rodovia 401 em Ontario

Techo da rodovia 401 em Ontario

No último fim de semana nós tivemos a oportunidade de fazer uma viagem de carro até Toronto.  Mas em vez de falar do destino resolvi comentar sobre a viagem ou melhor, sobre a estrada.

Um pouco mais de 500 quilômetros separam Montreal de Toronto, as duas cidades com maior população do Canadá. Pela distância e pelo movimento é inevitável a comparação com duas estradas conhecidas do Brasil, a Dutra e a Regis Bittencourt.

Comecei a pensar em escrever esse post quando lá por uma hora de viagem a Adriana me perguntou se a estrada era pedagiada, eu disse que não. Então ela fez uma cara de “tem certeza?”. O asfalto não é extraordinário, mas a qualidade geral da estrada e a sinalização impecável são comparáveis às melhores estradas brasileiras, onde se paga pedágio, e paga-se caro.

Trecho da A20 no Quebec

Trecho da A20 no Quebec

Em 2009 a OMS emitiu um relatório* sobre mortes em acidentes de trânsito em todo o mundo, esse relatório aponta uma média de 18 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes no Brasil; enquanto no Canadá a média é de 8 mortes por 100 mil habitantes, menos da metade. Diversos fatores podem ser apontados para explicar essa diferença: a qualidade das rodovias, a modernidade dos veículos, a fiscalização das autoridades, etc. Mas acredito que a principal diferença seja o título desse post: educação no trânsito.

Não posso dizer todos os motoristas são cavalheiros, pois em Montreal, principalmente, buzina-se muito e a sempre um ou outro apressadinho. E também existem casos bizarros, como o que ocorreu com um amigo que  foi obrigado a desviar de um veículo que vinha a toda, na contra-mão em plena estrada. Mas casos como esse são exceções afinal aqui, como em qualquer outro lugar, também tem gente louca. Mas de modo geral a preocupação com segurança e principalmente com o outro carro está sempre em alta.

Claro que a segurança da estrada também conta, afinal todos os acessos as cidades são feitos por viadutos, não existe trevos que mais parecem cruzamentos. Ninguém mora  na beira da estrada, nem atravessa a estrada – nem passarela tem – e também ninguém vende banana ou siri no acostamento. E boa parte dos postos de gasolina e restaurante ficam fora da estrada, de maneira que a movimentação se dá através de um dos viadutos que dão acesso a alguma cidade.

O texto diz que o carro 2 deve mudar de faixa como prova de cortesia

O texto diz que o carro 2 deve mudar de faixa como prova de cortesia

Alguns relatos da viagem podem ajudar a exemplificar essa questão da educação. Ao me aproximar de um entroncamento percebi ao longe que uma carreta contornava o acesso para entrar na estrada. Quase que automaticamente os carros e caminhões que estavam na fila da direita mudaram de faixa para a esquerda. Deixando a pista direita livre para que a carreta pudesse entrar e tomar velocidade. Me lembro que havia uma questão no teste direção sobre liberar a pista da direita para quem está entrando na estrada – conforme imagem ao lado – mas eu duvidava que as pessoas fizessem isso na vida real.

Outro ponto interessante é que todo mundo mantém mais ou menos a mesma velocidade. A estrada tinha um limite de 100 km/h, então todos os veículos, mesmo os caminhões, trafegavam a essa velocidade – na verdade um pouquinho acima. A diferença é que não havia aquela situação comum no Brasil de vc querer ultrapassar um caminhão que está a 60 km/h enquanto na faixa da esquerda os veículos te cortam a 140 km/h.

Nesse trecho perto de Toronto são 12 faixas

Nesse trecho perto de Toronto são 12 faixas

Ninguém me pediu passagem. Sempre me irritei com aqueles motoristas que querem que vc desapareça para eles passarem, mesmo que vc esteja usando a faixa da esquerda para ultrapassar, e esteja já a 120 km/h tem sempre um Gol tunado, colado na sua traseira e piscando o farol alto. Ele quer trafegar a 150 km/h e você está atrapalhando o caminho. Viajei mais de 1000 quilômetros sem que ninguém pedisse passagem, nem mesmo ligando a seta pra esquerda educadamente. Mesmo quando havia algum veículo correndo um pouquinho mais ele guardava distância e esperava até que eu mudasse para a pista da direita para depois me ultrapassar com toda paciência. Mesmo quando o carro em questão não era um Gol tunado, mas um Porsche.

* Link para o relatório da OMS: http://web1.estadao.com.br/pdf/arquivos/16_06_2009report.pdf

5 opiniões sobre “Educação no trânsito

  1. Oi, Sandro!
    Pois é… essa questão de educação (inclusive no trânsito) deve ser algo q salta aos olhos logo no começo, né? A educação (ou a falta de) é um dos meus maiores motivos de querer imigrar. Espero poder ser um pouco mais feliz e sentir-me seguro aí nessa questão.

  2. É assim mesmo… esse é o meu país. Eu chamo de “meu brasil Brasileiro”; porque o brasil (isso mesmo, com b minúsculo) nunca foi tão importante quanto o Brasileiro que nele vive.

    • Fala Júlio, como vai a família!?

      Valeu pelo comentário! Mas eu acho que existem brasileiros e Brasileiros… assim como tem canadenses e Canadenses… 😀

  3. Acho que educação no trânsito é um dos primeiros sinalizadores se uma sociedade é ou não civilizada.

    Mas teve sorte, eu assim cruzei pro Québec já tinha carro na minha cola dando farol – detesto gente que dá farol! Um dos motivos pelos quais não vamos morar no Québec, ha ha ha.

    Abs,

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