Escola primária – um mergulho na sociedade Quebequense

Minorias visíveis em Montreal

Minorias visíveis em Montreal

Antes de viajar para um lugar novo, quer seja para visitar ou de mudança, criamos imagens de como serão as coisas. O que imaginamos muitas vezes é confirmado e outras vezes não. Quando ouvíamos sobre a cultura do Quebec nas palestras da imigração ou nas aulas do Centre Quebec em Curitiba, criamos uma imagem de como seria a nossa imersão na cultura do Quebec.

Nos primeiros dias a imagem se desfez em uma “frustração sensorial”, algo semelhante a quando você morde algo que pensa ser doce e é salgado ou ao dar um gole no chá quente com medo de queimar o bico mas a boca te avisa que o líquido está  é gelado. O que mais marcou essa quebra de expectativas foi ouvir nos ônibus e metrôs uma mistura de chinês, creole, árabe, espanhol, português, romeno, grego e etc… em vez do esperado francês e inglês.

No prédio onde moramos – alugado na imobiliária de um português por intermédio de um corretor peruano – todos os vizinhos que conhecemos são imigrantes, a senhora ao lado, provavelmente nasceu aqui, mas é judia e vive na sua própria cultura. Ela se soma a vizinha vietnamita, ao concierge filipino e aos nossos amigos brasileiros formando um quadro multicultural muito oposto da nossa imagem inicial da sociedade quebecoise.

Escola no Quebec

Porcentagem das línguas maternas em Montreal

Porcentagem das línguas maternas em Montreal

O mesmo ambiente multicultural está presente na empresa onde eu trabalho e também estava na garderie onde a minha filha estudava. Mas essa semana me senti mergulhado em um ambiente capaz de representar a cultura local ao comparecer a uma reunião de pais e mestres de início do ano letivo na escola primária. De repente a imagem inicialmente descartada encontrou seu par na vida real.

Entramos numa sala grande, pé direito alto e a professora nos cumprimentou. Reparamos na imagem de uma professora do Quebec, uma senhora de cabelos longos (na cintura), uns 20 porcento dos fios brancos, os quais ela não fazia a menor questão de esconder, a roupa escolhida pelo conforto, não pela beleza. Em uma palavra… hippie. A medida que ela ia explicando como seria a aula para as criança foi percebendo que minha filha vai realmente ser educada segundo a cultura daqui, ainda não sei se isso é bom ou ruim.

Notei também que não havia nos pais de alunos que estavam ali aquela aparência de cachorro que caiu da mudança, bem típico de nós imigrantes, que é tão visível no semblante das pessoas nos ônibus, metrôs e andando na rua. E poucos pais faziam parte da chamada minoria visível, talvez fosse eu quem tinha mais cara de “estrangeiro”. E a maioria desempenhava o francês fluentemente, talvez esse tenha sido maior diferencial. Por outro lado, o sobrenome dos alunos na lista afixada na entrada da sala denunciavam as mais diversas origens, ou seja, todos na verdade são imigrantes, ou filhos, ou netos de imigrantes, mas o tempo provavelmente os deixou mais formatados a cultura local.

Ficou claro que a sociedade do Quebec, Montreal principalmente, é mesmo multicultural. Porém, com o tempo, as pessoas se encaixam em um certo padrão de comportamento e isso inclui a fluência no francês  – para nós que aprendemos desde pequenos outra língua – e outros hábitos diferentes como tossir e espirrar na manga do casaco.

Dicas para os que vierem depois

  • Montreal é extremamente cosmopolita, as vezes fica difícil fazer uma imersão cultural; as vezes até é difícil fazer uma imersão linguística, já que você ouve de tudo na rua;
  • Em outros lugares do Quebec a cultura local é mais presente;
  • A escola é pública, mas o nível sócio-cultural das pessoas era evidentemente alto, ponto para a escola pública; mas cuidado, nem todas as escolas são assim;
  • As pessoas aqui realmente espirram e tossem no casaco, ainda não me programei para agir assim;

3 opiniões sobre “Escola primária – um mergulho na sociedade Quebequense

  1. Olá, conheci o seu blog hoje, lendo um outro blog. Vi que vcs também chegaram a pouco tempo e estou lendo aos poucos os post mais antigos. Também tivemos essa sensação de estranheza quando chegamos a menos de um mês e estamos esperando que essa fluencia no francês chegue logo. O meu marido tb é da área de TI e as suas dicas sobre CV vão ajudar muito. =)

  2. Bienvenue Juliana,

    Dei uma olhada também no seu blog… 🙂 Espero que as dicas realmente ajudem, já que estamos alguns meses na frente de vocês no processo de adaptação. Mas lembre-se que escrevemos a nossa opinião baseada na nossa experiência e é sempre bom ouvir outros pontos de vista.

  3. Adriana e Sandro,
    Como vao? Obrigada pelas respostas as perguntas que postei num outro post de vcs.
    Gostaria de saber se vcs tem alguma dica quanto a como procurar escola e quais seriam os bairros bons para se viver em Montreal e/ou suas cidades satelites. A proposito, se nao for invasao de privacidade, gostaria de saber onde vcs moram.
    Obrigada por tudo!
    beijos, Paola
    paolawortman@gmail.com

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