Acho que aquela história de dormir só mais 5 minutinhos é tão antiga quanto o ser humano. Por isso alguém, num passado distante, inventou o despertador. Aqui no Canadá, como no Brasil, meu despertador é o celular devidamente programado com uma melodia suave mas de um gosto tão duvidoso que garante te arrancar de qualquer fase do sono. A propósito, os celulares da Fido vem com uns toques muito suspeitos…
Naquela manhã algo estava diferente, o despertador soava estridente mas distante. Só acordei mesmo quando a Adriana me cutucou dizendo – esse barulho não é o alarme de incêndio? – era. Salve-se quem puder!
No primeiro instante eu pensei que a culpa era nossa, deixamos o fogão ligado, o forno, os brinquedos das crianças entraram em curto e se incendiaram. Mas logo eu pensei que se não há fumaça nem calor, então tá tudo bem. Mas vamos sair daqui por via das dúvidas.
Enquanto eu vestia alguma coisa mais apresentável, a Adriana separou os documentos numa caixa de papelão, pegamos as crianças sem explicar muito o que estava acontecendo e casacos. Um pouco antes de sair, eu abri a porta e dei uma bela cheirada, nada de cheiro de fumaça – ainda bem. Descemos pela escada principal, pois não achamos necessário usar a de emergência e elevador não tem mesmo.
E lá estávamos no hall do prédio. Além de nós e as crianças meio acordadas meio dormindo havia alguns poucos moradores que desceram antes. O relógio ainda não marcava nem 6 horas da manhã e eu pude notar que muitos vizinhos nem se deram ao trabalho de descer, preferiram ficar dormindo e correr o risco de virar churrasco.
Em questão de segundos, nem um nem dois, mas quatro caminhões de bombeiros estavam na nossa frente. Dezenas de bombeiros paramentados invadiram o prédio. Aqui não se brinca com incêndio, como a maioria dos prédios tem a estrutura de madeira – paredes, teto, piso – a coisa queima rápido mesmo. Todos os apartamentos tem detetor de fumaça, a central do prédio é ligada diretamente ao corpo de bombeiros e revisada periodicamente.
Os bombeiros não demoraram nem 5 minutos para constatar que havia sido um alarme falso. Ufa! Ainda bem, me lembrei que não tenho seguro residencial e que nas palestras de accueil da imigração reforçaram a necessidade de ter um. Bem, lá se foram os bombeiros meio com cara de bravos em seus caminhões vermelhos. Dizem que o alarme falso gera uma multa que o prédio tem que pagar aos bombeiros. Não me preocupei com isso, apenas entrei em casa, coloquei as crianças de volta em suas camas e eu mesmo voltei para debaixo das cobertas, para dormir só mais 5 minutinhos.
Dicas para os que vierem depois
- os prédios aqui – em sua maioria – são feitos com madeira e cortiça, deviam vir com uma etiqueta dizendo “inflamável”, leve a sério a prevenção e os alarmes de incêndio;
- volta e meia disparam alarmes, verdadeiros ou falsos, então durma com uma roupa decente ou deixe uma roupa ou roupão bem a mão; não dá pra procurar aquela calça jeans que você não sabe onde está no meio da fumaça;
- documentos importantes que você quer salvar do fogo devem ficar juntos e a mão, meu vizinho os organiza em uma mala pequena com rodinhas, precisou sair correndo, pega a mala de documentos;
- prédios de concreto são naturalmente mais resistentes ao fogo e por isso as moradias para idosos, que são incendiários frequentes, são quase todas em concreto, o aluguel em prédios en béton são um pouco mais caros;
* as fotos são cortesia do meu amigo e vizinho Júnior.
Nossa… que louco isso! A minha curiosidade é em saber quem foi o incendiário? 😛 Ou melhor… falso incendiário!
Sandro,
Uma boa dica que aprendi com um amigo americano também é ter tipo um “cofre”, é uma caixa a prova de fogo, onde pode ser guardado os documentos importantes, aí não precisa se preocupar em pegar tudo na hora da fuga, pois estará salvo.